Desde janeiro, as famílias mais pobres vinham sendo as maiores afetadas pelo aumento do custo de vida. Em maio, no entanto, a pressão inflacionária pesou mais, pela primeira vez no ano, para as pessoas de maior renda. A elevação foi de 0,93% para os mais ricos, ante a variação de 0,29% entre as famílias de renda muito baixa.
Os dados são da pesquisa divulgada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta terça-feira (14/6). No acumulado deste ano, até o mês de maio, as taxas de inflação para essas duas faixas foram de 4,66% e 4,79%, respectivamente. O instituto classifica como renda muito baixa aquelas famílias que ganham menos de R$ 1.808,79. Já os mais ricos são aqueles com renda familiar maior que R$ 17.764,49.
Na comparação dos resultados de maio de 2022 com o mesmo período de 2021, nota-se que a inflação do segmento de renda muito baixa diminuiu, passando de 0,92% para 0,29%. Já entre os domicílios de renda mais alta, a taxa apurada avançou de 0,50% para 0,93% na mesma comparação.
Segundo a análise do Ipea, a desaceleração inflacionária para as famílias mais pobres partiu do desempenho do grupo “habitação”, cujas deflações de 8,0% da energia elétrica e de 1,0% do gás de cozinha contrastam com as altas de 5,4% e 1,2%, respectivamente, observadas em maio de 2021.
Para a faixa de renda mais alta, o custo de vida foi menor em maio do ano passado por conta do subgrupo “transportes”, que apresentou uma queda de 28,3% das passagens aéreas naquele mês, além de reajustes mais modestos no subgrupo “serviços pessoais e recreação”.
Com exceção das famílias mais ricas, a variação acumulada em 12 meses até maio diminuiu para todas as demais faixas de renda. Apesar do alívio neste mês, a maior taxa acumulada ainda se encontra na classe de renda muito baixa (12%), enquanto a menor é verificada no segmento de renda média-alta (11,2%), que ganham até R$ 16.509,66.
Transporte, alimentos e saúde pesaram mais no bolso
Os subgrupos “transportes”, “alimentos e bebidas” e “saúde e cuidados pessoais” foram os principais responsáveis pela pressão inflacionária em maio. No caso dos transportes, além da alta de 1,0% dos combustíveis, o reajuste de 18,3% nas passagens aéreas impactou o custo de vida do segmento de renda mais alta, enquanto os aumentos das tarifas de ônibus intermunicipal (1,2%) e interestadual (1,4%) pressionaram as famílias de renda mais baixa.
No subgrupo “alimentos”, apesar das reduções de 10,1% no preço dos tubérculos, 3,2% das hortaliças e verduras e 2,3% das frutas, houve alta entre os farináceos (3,2%), leite e derivados (3,4%), panificados (1,8%) e aves e ovos (1,7%).
Esses aumentos, além do reajuste de 2,5% dos medicamentos, tiveram um peso maior entre as famílias mais pobres, devido à importância na cesta de consumo desse segmento. Da mesma forma, a queda de 8,0% no preço da energia, em maio, gerou um alívio inflacionário maior para as famílias de menor renda, tendo em vista o peso desse item no orçamento dessa faixa.
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