Tecnologia Móvel depende de infraestrutura robusta de fibra óptica e capilaridade

Em novembro de 2021, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão que concedeu os direitos de explorar as faixas de frequência que propagam a rede móvel 5G. O evento foi o primeiro passo para que a tecnologia seja disseminada no Brasil.
E é nesse contexto que se usa a chamada rede neutra. O modelo de negócio, muito usado na Europa e na Oceania, permite que as operadoras e provedores de internet aluguem uma infraestrutura de rede já existente. Isso evita a sobreposição e a redundância de cabeamento em uma mesma região, além de possibilitar a rápida expansão das empresas sem a necessidade de grandes investimentos.
A V.tal é a primeira empresa de rede neutra de fibra ótica com atuação fim a fim do mercado brasileiro. Nesta entrevista, o diretor de marketing da marca, Rafael Marquez, explica como a companhia pode desempenhar um papel estratégico na aceleração e na implantação do 5G no país.
De que forma a rede neutra pode ajudar a viabilizar o 5G no Brasil?
Hoje, o sinal de internet móvel é disseminado a partir da estrutura de antenas. O papel da rede neutra é levar capacidade de dados de alta velocidade para que essas torres já existentes possam entregar o melhor do serviço 5G. Além dessa proposta, nós, da V.tal, buscamos adicionar fibra óptica àquelas que ainda não possuem a tecnologia, para que a irradiação tenha maior potência e qualidade para o mercado.
Isso significa que a quinta geração depende da fibra óptica para funcionar?
Sim. A fibra óptica passa a ser mandatória, pois é a tecnologia disponível hoje que se mostrou mais pronta para dar conta do recado. As outras não conseguem entregar a capacidade de dados necessária, além da altíssima velocidade e da baixa latência, que é o tempo de resposta levado entre o dispositivo e a antena.
Quais produtos da V.tal vão contribuir para a distribuição da nova rede móvel?
Temos um portfólio diverso, mas estamos trabalhando com duas tecnologias principais. A FTTT (Fiber to the Tower) tem a proposta de, justamente, aplicar a fibra óptica nas antenas que já existem no país e nas novas que serão construídas. E o FTTC (Fiber to the city) que fará a conectividade entre as localidades e os Pontos de Presença (POPs) das operadoras que estejam em outros municípios, inter ou intraestadual; neste caso, utilizando trechos de seu backbone e de toda a rede de fibra disponível e exigida para esta conexão.
E o que é a solução FTTH que a V.tal vem investindo?
FTTH (Fiber to the Home) é a solução que vai levar a fibra ótica para dentro da casa do cliente. Oferecemos essa solução para operadoras e provedores de internet que vão prestar o serviço de internet de alta velocidade para os consumidores. A V.tal faz a instalação do modem de internet dentro da casa do cliente final, mas não aparece em nenhum momento. Assim, realizamos toda a parte técnica do projeto e as operadoras e provedores podem focar o lado comercial, desenvolvimento serviços de valor agregado e o atendimento ao cliente final.

Qual é o tamanho da infraestrutura oferecida pela V.tal atualmente?
A nossa rede, que é a maior do país, tem cerca de 400 mil quilômetros de extensão, está disponível em mais de 2,3 mil cidades brasileiras e é estratégica para a implantação do 5G. Temos também 15 milhões de casas passadas com disponibilidade para contratação de internet por fibra ótica. Apenas no Rio Grande do Sul, por exemplo, são 1,6 milhão de domicílios passados – o que representa 29% de cobertura no Estado. Vale destacar que temos um plano de investimento na ordem de R$ 30 bilhões para expandir a rede até 2025. Com isso, nossa meta é chegar a 32 milhões de lares com internet fibra ótica disponível para contratação em 4 anos.
Com essa capilaridade, em quanto tempo será possível ver o Brasil com uma grande cobertura da quinta geração?
A responsabilidade e as metas de cobertura são das operadoras que compraram o direito de explorar o espectro no leilão da Anatel. A agência, entretanto, tem objetivos que precisam ser cumpridos ano a ano. As capitais brasileiras, por exemplo, devem ter a rede 5G até julho de 2022. Para o sinal chegar a todas as cidades do país, por sua vez, o prazo é 2028.
Uma vez que o 5G estiver disseminado, de que forma mudará a rotina dos brasileiros?
Estou há mais de 20 anos no mercado de telecom e acompanhei a evolução das redes móveis. De uma geração para outra, basicamente, havia aumento de velocidade e, consequentemente, qualidade de uso. O 5G vai muito além desse patamar. A tecnologia fomentará o desenvolvimento de novas soluções em saúde, educação e economia em geral. Isso porque permitirá o uso massivo da Internet das Coisas [Internet of Things; ou IoT, em inglês], com carros autônomos, cirurgias a distância, digitalização do agronegócio e muito mais. É um poder disruptivo tão grande que posicionará o país em outro grau de competição internacional.
*GZH
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