Coreia do Norte divulga fotos tiradas do espaço após teste com míssil em lançamento com maior capacidade nuclear desde 2017

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Foto de 30 de janeiro de 2022 mostra o que a Coreia do Norte diz ser o teste do míssil Hwasong-12 Foto: AFP PHOTO / KCNA VIA KNS


PYONGYANG — A agência de notícias da Coreia do Norte (KCNA) confirmou, nesta segunda-feira, que testou um míssil balístico de alcance intermediário (IRBM) Hwasong-12. O último lançamento com a mesma capacidade de portar carga nuclear datava de 2017. A mídia estatal disse ainda que agiu de forma a garantir a segurança dos países vizinhos e que a ogiva de teste foi equipada com uma câmera que tirou fotos enquanto estava no espaço. As imagens espaciais mostram a área ao redor da Península Coreana, através de uma lente de câmera redonda. Registros deste tipo também foram feitos em 2017, disseram analistas, segundo a a agência Reuters.

Leia mais: Coreia do Norte testa seu míssil de maior alcance desde 2017, após se desvincular de moratória autoimposta

"O teste de disparo foi realizado com o objetivo de inspecionar seletivamente o míssil balístico de longo alcance superfície-superfície Hwasong-12 e verificar a precisão geral deste sistema de armas", disse a KCNA, que já havia informado que o míssil pode carregar uma "ogiva nuclear pesada de grande porte".

Enquanto isso, autoridades dos EUA e da Coreia do Sul demonstraram preocupação, alertando que o lançamento pode levar à retomada dos testes de mísseis intercontinentais e bombas nucleares. Pyangyang havia anunciado uma moratória nesses testes em 2018,  em meio a uma série de encontros diplomáticos com autoridades sul-coreanas e cúpulas com o então presidente americano Donald Trump.

O ditador norte-coreano Kim Jong-un disse que não está mais vinculado à moratória porque porque os EUA e seus aliados não mostraram sinais de abandonar suas “políticas hostis” ao país. As negociações iniciadas em 2018 fracassaram porque os EUA exigiam o fim do programa militar nuclear norte-coreano antes da suspensão das sanções impostas ao país pelo Conselho de Segurança da ONU. A Coreia do Norte desejava concessões mútuas escalonadas, posição também defendida à época pela China, principal parceira econômica do país.

O lançamento de domingo foi o sétimo realizado pela Coreia do Norte no mês, um dos mais movimentados de todos os tempos para o programa de mísseis da Coreia do Norte. A primeira divulgação sobre ele foi feita pela Coreia do Sul e pelo Japão, que condenaram-no como uma ameaça à segurança regional. O líder Kim Jong Un não teria participado do teste.

No domingo, o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, disse que o lançamento deixa a Coreia do Norte um passo mais perto de eliminar totalmente uma moratória auto-imposta para testar seus mísseis balísticos intercontinentais de maior alcance (ICBMs, na sigla em inglês).

Os Estados Unidos também compartilham preocupações de que os crescentes testes de mísseis da Coreia do Norte possam ser precursores da retomada dos testes de armas nucleares e ICBMs, por meio da declaração de um alto funcionário dos EUA, na noite de domingo, enquanto solicitava Pyongyang a participar de negociações diretas sem pré-condições.

— Eles estão procurando tomar ações, que acreditamos serem fundamentalmente desestabilizadoras, como forma de aumentar a pressão — disse a autoridade em entrevista a jornalistas em Washington. — Acho que provavelmente há um componente que também serve para validar os sistemas que eles desenvolveram e refiná-los ainda mais.

Kim disse que não está mais vinculado a essa moratória, que incluiu a interrupção dos testes de armas nucleares e foi anunciada em 2018 em meio a uma enxurrada de diplomacia e cúpulas com o então presidente dos EUA, Donald Trump. A Coreia do Norte sugeriu neste mês que poderia reiniciar essas atividades de teste porque os Estados Unidos e seus aliados não mostraram sinais de abandonar suas "políticas hostis".

Não está claro se ICBMs como o Hwasong-12 foram incluídos na moratória de Kim, mas esses também não foram testados desde 2017. Naquele ano, a Coreia do Norte testou o Hwasong-12 pelo menos seis vezes, alcançando três voos bem-sucedidos e três fracassos. Controversamente, em dois desses testes, a Coreia do Norte lançou o míssil sobre a ilha japonesa de Hokkaido, no Norte do país. Já no teste deste domingo, a Coreia do Norte disse que disparou o míssil em uma trajetória elevada "em consideração à segurança dos países vizinhos".

O teste "confirmou a precisão, segurança e eficácia operacional do sistema de armas do tipo Hwasong-12 produzido", disse a KCNA.

O Hwasong-12 tem um alcance estimado de 4,5 mil quilômetros, o que colocaria o território americano de Guam e o extremo Oeste da cadeia das Ilhas Aleutas do Alasca ao alcance, de acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, com sede em Washington (CSIS, na sigla em inglês).

Em comparação, o maior e mais poderoso míssil que a Coreia do Norte testou até hoje é o Hwasong-15 ICBM, com um alcance estimado de 8,5 mil a 13 mil quilômetros, que pode ameaçar qualquer lugar nos Estados Unidos, disse o CSIS. O Hwasong-15 foi testado uma vez, em novembro de 2017.

*O Globo 

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